Sei que odeio confusões. Principalmente daquelas que parece que é a história a repetir-se "all over again"...

Às vezes penso que sou um disco riscado. Porque seria a única explicação. Mas a maior parte do tempo sei que sou um desenho animado.

Daqueles que as pessoas se riem e dizem "coitado". Riem porque acontecem coisas como abrir a porta e ela bater no pé e saltar para a cara, ou porque não pagamos o parque de estacionamento porque achamos que não aceita notas de 20 só porque alguém vandalizou o sítio pequeno onde dizia que aceitavam notas de 20, daqueles que andam não sei quanto à procura duma caixa multibanco, ela não tem notas de 20, voltar atrás, chamar um senhor, vir o senhor, pensar que é um mendigo mas é o senhor que foi chamado para trocar a nota de 20. E afinal a máquina aceita notas de 20. Isso é porque riem. Tem piada, eu sei.

Onde é que eu ia? Ah. A minha vida.

A verdade é que a confusão na realidade talvez seja só na minha cabeça. Como cabeça de desenho animado que tenho, o condão para imaginar coisas onde elas não existem é enorme. Às vezes isso é uma coisa boa. Neste caso não.

E não porque não adianta o desenrolar da história ela vai sempre acabar em nada. Naquele nada vazio de ser. E, para variar, todo o mundo continua continua como dantes e o desenho animado fica igual. Mas só fica igual lá no papel ou na TV. Por dentro ganha mais uma cicatriz se tiver deixado criar ferida.