Fim da Semana

Aprendi muitas coisas estes dias.

Aprendi que há pessoas muito amarguradas neste mundo. E que essa amargura deturpa tudo ao redor delas e chega a mexer nas outras pessoas. É verdade que coisas más aconteceram a algumas dessas pessoas, mas porque é que algumas conseguem continuar e outras só avançam ficando paradas no mesmo sítio?

Aprendi também que às vezes mais vale perder 3 minutos e sair na estação anterior e andar por um caminho em que nunca antes estivemos. Ou mudar o caminho habitual. Passear por uma rua que sabemos que existe, mas por algum motivo - conforto e pressa geralmente - nunca passámos por ela. É incrível a quantidade de coisas que se pode descobrir!

Aprendi também que há mesmo coisas que "parece" que nunca mudam... Conversas que são sempre as mesmas conversas com as mesmas pessoas. Podem mudar as circunstâncias, claro, mas no fundo acaba por ser sempre o mesmo que é dito.

Aprendi que afinal não se morre de curiosidade. E que há pessoas que dizem que vão fazer uma coisa, mas nunca o fazem. Que repetem uma e outra e outra vez aquilo que disseram que iam deixar de fazer. E aprendi que, mesmo assim, continuamos a gostar dessas pessoas e a aceitá-las. Mesmo que quisessemos que elas fizessem o que disseram que iam fazer. No fundo sabemos que provavelmente há uma razão para isso, só não gostamos dela. Porque a culpa pode mesmo ser nossa. Essa razão das pessoas não fazerem o que disseram que iam fazer. Ou parar de fazer.

Aprendi que há pessoas que não sabem o bem que nos fazem. Com gestos pequenos. Com uma mensagem matinal todos os dias ou dia-sim-dia-não simplesmente a dizer bom-dia. Pessoas com quem sabemos que podemos ser um pouco loucos que não há problema, porque são iguais a nós.

Aprendi que há pessoas que não sabem o mal que nos fazem. Com gestos pequenos também. Com um silêncio. Novamente há cicatrizes demasiado difíceis de ignorar... Resta-nos esperar que um dia tudo volte a ser como era antes. E resta-nos também agradecer que consigamos olhar as situações de cima. Algumas vezes torna-se insuportável, mas o que é que não é assim?

Aprendi que às vezes precisamos de falar de nós. E acabamos por falar com pessoas com quem nunca pensámos ter essa conversa. Essa conversa em particular. Ou não falar directamente. Ainda há pessoas que não conseguem por por palavras aquilo que sentem.


Aprendi que às vezes podemos querer muito fazer uma coisa. Mas a maioria das pessoas não compreenderia esse desejo. E parte de nós quer ser egoísta e inconsequente e segui-lo, mas há outra parte, a sobrevivência: a consequência, o que aconteceria depois. Mesmo que incerto. Mesmo que só uma vaga possibilidade. E atinge-se um novo impasse. Mais um.


Não aprendi nada que já não soubesse realmente. Mas às vezes é bom aprender de novo. E novamente fica o que sempre fica nos fins das semanas, mas nesta talvez um pouco mais que antes:

as pessoas são bichos estranhos.

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