Saudade

Há dias em que é difícil perceber como consigo continuar sem ti.

Às vezes penso o que me dirias se ainda estivesses aqui. Os raspanetes, os "felicidades", os "tem calma, tu consegues", os "só precisas de passar", os abraços. Penso o que seria ainda ter a minha balança inteira. Eu sei o outro prato dessa eterna balança se está a esforçar por compensar a tua falta. Mas não é a mesma coisa.

Quão efémeros somos nós? Qual o sentido de tudo isto?
Preciso de ti. Mesmo que sempre que te tive ao meu lado pensasse que eu não precisava de ninguém. Mesmo assim.

Será que me vês? Será que consegues ver daí as minhas confusões? As minhas indecisões? Os meus fracassos? Não sei se queria que me visses. Não ias poder fazer nada. E não poder fazer nada é do pior que há.

Quando não posso
culpar ninguém,
faço o quê?

Quando não posso
bater em alguém,
faço o quê?

Quando não posso
chorar
faço o quê?

E agora quem me responde a todas as outras perguntas sem resposta? Aquelas a que só tu me podias responder? E na eventualidade de eu vir a ser mais que eu, eles não vão saber quem és. Mais ninguém que venha depois irá saber. Talvez nem eu soubesse ao certo.


E "PORQUÊ TU?" continua a ser o pior de tudo.

Está sol, mas as lágrimas não secam.


Esta semana tentei explicar a alguém o que era a saudade.
Hoje voltei a pensar que é tão ridiculo poder continuar
sem tu poderes.



PS: E depois conheço pessoas que podiam culpar alguém e que o fizeram durante anos. Mas são tão grandes, com um coração tão maior que o meu, que conseguem tentar começar a perdoar. Eu não sei se conseguiria. Se tivesse a quê.

4 comentários:

Pijaminha disse...

Acho que todos nós somos grandes...dentro da nossa pequeneza.

Eu achei-te grande quando me contas-te. Quando fiz aquela cara que não deves gostar de ver as pessoas fazer...cara de pena, talvez. E depois disseste "Não faças essa cara. Podes perguntar o que quiseres."

E eu perguntei. Perguntei como se fosse normal porque percebi que tinhas já sido grande o suficiente para aceitar.

E tu respondeste naturalmente. Como se contasses uma história.

E achei-te grande. Achei-te heroína.*

Ninhas disse...

Às vezes sou só forte por fora.
PS: Este PS era teu, ainda bem que o viste. :)

a ortónima disse...

estou aqui.*

Ninhas disse...

Eu sei. Obrigada.